No mês em que se assinalam 63 anos da morte do mestre, quero partilhar contigo o tanto que já aprendi com ele.
É, sem dúvida, um dos meus escritores preferidos.
Tenho nas estantes vários livros que podem comprovar isso mesmo.
Ernest Miller Hemingway é um génio da literatura.
As suas histórias, impossíveis de parar de ler, cativam-nos pela crueza, simplicidade e descrição.
E não deixa de ser curioso que um dia tenha dito que “somos todos aprendizes num ofício onde ninguém chega a mestre.”
Na minha opinião, Hemingway é (no presente, porque os artistas nunca morrem) um grande mestre que tem muito para nos ensinar.
E hoje deixo-te 10 técnicas que melhoraram MUITO a minha escrita.
1. Simplifica, vai direto ao assunto
Evita escrever frases demasiado longas.
A probabilidade das pessoas se perderem, ou até mesmo adormecerem a meio de uma ideia, é bastante alta.
Mantém as coisas simples e vai direto ao que interessa.
Lembra-te: as frases querem-se pequenas e sumarentas, como as tangerinas.
2. Estás no ponto máximo da tua criatividade? Então pára!
Sabias que Hemingway todos os dias começava a escrever às 9 da manhã e parava à hora do almoço, precisamente quando estava a fervilhar de ideias?
Esta técnica pode parecer contraditória, porque todos queremos aproveitar os rasgos de criatividade.
Mas ele preferia parar de escrever nesses momentos, guardar as ideias e deixá-las em ebulição no subconsciente.
No dia a seguir tinha sempre um ponto de partida e evitava os horrorosos bloqueios criativos.
Hemingway levava isto tão a sério que chegava a deixar frases a meio.
3. Repete comigo: “Eu não sou um pavão”
Não precisas de andar por aí em modo pavão a tentar mostrar que és um poço de cultura ou o pináculo da criação (já cantava o Miguel Araújo).
Quem faz isto são os maus escritores e criadores de conteúdo.
Os bons observam tudo à sua volta para encontrarem inspiração.
4. Os leitores não são estúpidos
Por isso, não lhes dês a papinha toda feita.
Deixa espaço para pensarem sobre o assunto e fazerem as ligações que têm de fazer para perceberem a história.
Deixa partes da narrativa escondidas entre linhas.
Eles descobrem o resto.
Isto é particularmente útil para escrever romances.
5. Quanto mais viveres, melhor vais escrever
Sabias que, na 1.ª Guerra Mundial, Hemingway saiu do Kansas e ofereceu-se como voluntário para conduzir ambulâncias da Cruz Vermelha?
Andou às voltas pela Europa a salvar soldados feridos.
Aliás, esta aventura tremenda é a base do livro “O Adeus às Armas”.
A melhor escrita é aquela que nos sai da alma.
Escrever sobre aquilo que vivemos é meio caminho andado para conseguirmos textos profundos e que toquem os leitores.
Por isso, vai viver um bocadinho.
Sim?
6. Menos Vírgulas. Mais Pontos Finais.
Reduz o número de vírgulas nos teus textos.
O mestre lutava de forma feroz para cortar as vírgulas e escrever frases compostas e diretas.
Qual é o efeito que isto provoca?
Uma sensação de urgência.
7. A inspiração está em todo o lado. Presta atenção!
Tira a cabeça do ecrã do telemóvel e fica atento ao mundo.
Vais beber café ao mesmo sítio de sempre?
Ótimo.
Consegues descrever ao detalhe a decoração?
E os empregados, como são?
A cor do cabelo?
As roupas?
Os tiques de linguagem?
Há algum cliente habitual?
Talvez uma senhora velhota que se senta sempre na mesa ao pé da janela.
Ou os empregados das lojas ao lado sempre com a mesma farda.
Presta atenção também àquilo que as coisas que vês te fazem sentir.
Identifica essas emoções e pensa sobre elas.
Quanto mais específicos formos a identificar detalhes, melhor recriamos essas mesmas emoções e sensações.
8. Tens 2 ouvidos para escutar: usa-os!
Já te devem ter dito que é feio ouvir as conversas dos outros, mas neste caso valores mais altos se levantam: os da boa escrita.
Por isso, ouve tudo o que se passa à tua volta.
A mesma regra vale para quando estiveres a falar com outra pessoa.
Ouve, simplesmente.
Sem te preocupares com o que vais dizer a seguir.
Uma vez fui ter com um amigo que precisava de “conversar”.
Ele esteve 1 hora a falar.
Eu não abri a boca durante esse tempo todo.
No final, ele diz isto:
“Soube muito bem conversar contigo. Sinto-me muito melhor.”
As pessoas adoram ter alguém que as ouça.
É por isso que pagamos a psicólogos, a massagistas, a personal trainers, a donos ou empregados de cafés e outros mais.
Quando sais de uma sala deves saber e lembrar-te de tudo o que viste.
Ora aqui está um belo exercício!
9. Mata Adjetivos e Advérbios
Nomes e verbos bem usados são muito melhores do que adjetivos e advérbios.
Isto evita que a escrita se torne abstrata.
Aqui o desafio é: usar o adjetivo ou o advérbio apenas quando ele muda o significado.
“Ele falou de forma alegre ” vs “Ele falou de forma triste”
10. Diz NÃO aos lençóis de texto
Admite: cada vez que vês um post ou uma notícia que é uma “mancha de texto” foges dela como o diabo da cruz, certo?
A não ser que seja sobre algo que te interessa muuuuuuuito.
Sê amigo dos teus leitores.
OFERECE
ESPAÇOS
EM BRANCO.
Os parágrafos ajudam a “descansar a vista” e tornam o texto mais fácil de ler.
E agora diz-me:
Gostaste destas 10 técnicas de escrita que aprendi com Hemingway?
Já alguma vez leste algum livro do mestre?
Qual?
O que mais te chamou a atenção ou o que menos gostaste?
Conta-me tudo nos comentários!